Akira Toriyama e as Esferas do Dragão
Akira Toriyama, nascido em Kiyosu, 5 de abril de 1955, foi um quadrinista japonês, conhecido por ser o criador das séries Dragon Ball e Dr. Slump. Toriyama é considerado um dos autores que mudou a história dos mangás ao lado de Osamu Tezuka e Rumiko Takahashi, pois as suas obras são altamente influentes e populares, principalmente Dragon Ball, que muitos artistas de mangá citam como fonte de inspiração.
De 1984 a 1995, escreveu e ilustrou o mangá Dragon Ball, serializado na Weekly Shōnen Jump. Tornou-se uma das séries de mangá mais vendidas de todos os tempos, com 260 milhões de cópias vendidas em todo o mundo e é considerado o impulsionador da popularidade do anime em meados das décadas de 1980 e 1990. Fora do Japão, as adaptações do anime de Dragon Ball fizeram mais sucesso do que a mangá e, da mesma forma, impulsionaram a popularidade do anime no Ocidente. Em 2019, Toriyama foi condecorado como Chevalier da Ordre des Arts et des Lettres francesa pelas suas contribuições para as artes. Em outubro de 2024, Toriyama foi introduzido postumamente no Hall of Fame dos Prêmios Harvey.
Toriyama tinha fama de ser avesso à fama e preferia uma vida tranquila. Raramente aparecia em público, odiava dar entrevistas e gostava de se descrever como um sujeito comum. Ele era fã de cinema, especialmente de Jackie Chan, Bruce Lee e filmes de artes marciais de Hong Kong, que influenciaram diretamente o estilo de luta de Dragon Ball. Toriyama desenhava rápido: relatos dizem que muitas vezes entregava capítulos inteiros no último minuto.
Dragon Ball começou em 1984 como uma adaptação livre da lenda chinesa “Jornada ao Oeste”, Son Goku era inspirado em Son Wukong, o Rei Macaco, misturando elementos de comédia e artes marciais. O conceito de Super Saiyajin surgiu porque Toriyama queria simplificar o desenho de Goku (menos tempo colorindo o cabelo preto e evitando desenhar os olhos com frequência). Muitos nomes dos personagens seguem padrões de trocadilhos e piadas: Saiyajins → nomes de vegetais (Vegeta = “vegetal”, Kakarotto = “cenoura” Raditz = “rabanete”, Broly = “brócolis”). Família de Bulma → nomes ligados a roupas íntimas (Bulma = bloomer, Trunks = cueca boxer, Bra = sutiã).
Dragon Ball evoluiu de uma aventura cômica com tom infantil (na fase Dragon Ball) para batalhas épicas e dramáticas em Dragon Ball Z, algo que influenciou inúmeros mangás e animes depois. A série foi um dos primeiros animes a alcançar enorme popularidade fora do Japão, ajudando a abrir caminho para a explosão da cultura pop japonesa no Ocidente. O editor Kazuhiko Torishima foi essencial, em sua carreira, ele pressionava Toriyama a mudar o rumo sempre que percebia que algo não estava funcionando. Por exemplo: quando as vendas caíram no arco da Red Ribbon, Torishima sugeriu criar o Torneio de Artes Marciais, que deu um novo fôlego à história. Toriyama confessava que muitas vezes "seguia as ordens do editor" e que o sucesso de Dragon Ball se deve em parte a essas decisões externas.
Majin Buu, segundo Toriyama, foi inventado meio de última hora. Ele queria um vilão completamente diferente dos anteriores: em vez de ameaçador, um ser com aparência infantil e boba, no começo, muitos acharam que Buu não funcionaria, mas acabou se tornando um dos vilões mais icônicos.
A origem das esferas do dragão é curiosa: Toriyama queria dar à história de Dragon Ball um objetivo simples que pudesse sustentar várias aventuras episódicas no começo. Ele se inspirou em lendas orientais sobre objetos mágicos que concediam desejos. Uma referência clara é a história chinesa das sete pérolas sagradas de Jornada ao Oeste, mas também havia ecos de contos japoneses de amuletos e pedras místicas. O conceito das sete esferas foi pensado justamente para forçar a jornada: se fossem menos, a busca acabaria rápido; se fossem mais, ficaria confuso. Toriyama disse em entrevistas que as Esferas não foram criadas pensando em batalhas épicas, mas como dispositivo narrativo para juntar personagens e justificar viagens. O dragão Shenlong, que aparece quando as esferas se reúnem, foi pensado depois. Toriyama admitiu que as Esferas também eram um jeito de resetar a história sempre que necessário. Mortes, destruições e tragédias podiam ser “resolvidas” com um desejo. Isso deu liberdade para criar batalhas cada vez mais intensas, sem medo de eliminar personagens importantes de vez.
Toriyama quis encerrar a série várias vezes: Depois da derrota de Freeza, planejou parar, depois da saga Cell, também tentou mas a editora não deixou, pois Dragon Ball era a maior fonte de vendas da Jump. Ele chegou a dizer em entrevistas que já estava "exausto" e só continuou porque não conseguia negar a pressão editorial.

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