Rubens Francisco Luchetti e O Fantasma do Tio William

 

Rubens Francisco Lucchetti, mais conhecido como R. F. Lucchetti, nascido em Santa Rita do Passa Quatro, a 29 de janeiro de 1930, foi um ficcionista, desenhista, articulista e roteirista de filmes, histórias em quadrinhos e fotonovelas. Era considerado o "Papa da Pulp fiction" no Brasil. Fã de literatura policial, o escritor afirma ter tido contato aos onze ou doze anos com duas edições da revista “Mistérios” da Editorial Lu que trazia histórias do herói pulp “O Sombra”. Autodidata, além de sua intensa atividade literária e artística, exerceu as mais variadas profissões, desde almoxarife até chefe de escritório. Começou a publicar histórias aos doze anos, na década de 1940, seu primeiro texto publicado foi "A Única Testemunha", escrito sob a influência e o impacto da leitura dos contos "O Gato Preto" e "O Coração Revelador", de Edgar Allan Poe.

Em 1964, publicou sua primeira história em quadrinhos, uma adaptação do conto “A Única Testemunha”, ilustrada por Paulo Hamasaki, publicada na segunda edição da revista “O Corvo”, da Editora Outubro. Escreveu inúmeros roteiros de histórias em quadrinhos para alguns dos maiores desenhistas do Brasil, como Nico Rosso, Eugênio Colonnese, Rodolfo Zalla, Julio Shimamoto, Sérgio Lima, José Menezes, Osvaldo Talo, Juarez Odilon, Wilson Fernandes, Sampa (Francisco Ferreira Sampaio), Flávio Colin e Edmundo Rodrigues. Escreveu e publicou ao todo 1.547 livros, trezentas histórias em quadrinhos, 25 roteiros de filmes e centenas de programas de rádio e televisão e inúmeros contos para revistas pulp. Um de seus livros, “Noite Diabólica”, publicado em 1963, é considerado "o primeiro livro de Terror escrito no Brasil".

O livro “O Fantasma do Tio William” surgiu originalmente como folhetim nos anos 1940, em capítulos publicados em jornais e revistas. Posteriormente, ganhou versão em radionovela nos anos 1950. Lucchetti revelou que criou a história como forma de encantar sua irmã doente. O autor usou memórias da infância em São Paulo (décadas de 30/40), incluindo cenas com guardas-civis, bondes da Rua Doze de Outubro e passeios a Pirituba — locais marcantes da época. Publicado inicialmente em 1974 (Cedibra – Coral), o livro foi revisado em 1983 (Melhoramentos) e ganhou nova versão em 1992 (Ática, coleção Vaga-Lume), direcionada ao público juvenil.

O protagonista sobrenatural, tio William, é um fantasma-inventor, que usa uma fórmula secreta para trocar corpos entre personagens — uma premissa que mistura mistério com um humor leve. A trama envolve um triângulo amoroso entre Magda, John e Carmen (atriz chamada Filomena), com a rivalidade entre as duas mulheres intensificada pelas trocas mágicas provocadas por tio William.
Muitos leitores descrevem o livro como um “filme da Sessão da Tarde” em versão escrita: divertido, rápido de ler e ideal como distração entre obras mais densas. Esta obra infanto-juvenil contrasta com seu vasto catálogo voltado ao terror adulto.


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